A condição “sine qua non” de nossa existência é movente, girante, circular. Não há um ser vivo, animado ou não, que não se mova, e em giros, porque somos compostos de elétrons, prótons e nêutrons, que giram em átomos. Tudo gira, e vivemos por meio do girar destas partículas, pelo girar do sangue no nosso corpo, o girar das estações da vida, por virmos da terra e a ela retornarmos. A dança circulando nos movimentos dos nossos pensamentos, gestos, sentidos, emoções e almas. A medicina do movimento nos convida a mover tudo que em nós está parado, bloqueando o fluxo da saúde e bem estar dos nossos corpos e seus ecossistemas. O ritmo é nossa língua mãe e quando nos rendemos a dança, descobrimos uma linguagem sensível, de padrões confiáveis, capazes de nos libertar, para além do âmbito das verdades universais, mais antigas que o tempo. Estados de ser, em que nossas identidades se dissolvem num eterno fluxo de energia movente.
A Dança existe desde que nos tornamos humanidade, mas tornou-se prática integrativa, quando a organização mundial de saúde criou o departamento de medicina tradicional,
encorajando os países membros, a utilização de abordagens mais naturais, seguras, libertárias e custo-efetivas, devido aos resultados positivos nos indicadores de saúde, dos países praticantes. No Brasil, tais abordagens foram institucionalizadas no SUS com o nome de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), seguindo as recomendações da Declaração de Alma-Ata para a Atenção Primária à Saúde, de estimular os mecanismos naturais e preventivos, por meio de tecnologias eficazes e seguras. A Medicina do movimento, para além da dança, que por si já é uma prática integrativa, é um método experimental de cura, tecnologia social, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico, e na integração do ser humano com o meio ambiente e sociedade.
Outros pontos compartilhados por esta tecnologia social, são a visão ampliada do processo saúde/diagnóstico e a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado.
Aqui, a Dança além de ser senhora na Arte, é tecnóloga social, e a consideramos como a Medicina do Movimento. Com a prática, vamos fortalecendo a integralidade do ser mais que humana, estimulando a escuta profunda dos corpos físico, mental e emocional, materiais e etéricos, capacitando-os a encontrar o fluxo de energia que os faz mover, os ritmos da alma que embalam nossos gestos, pensamentos, sensações, e então, dançamos nossas próprias danças de cura, como um só corpo, contudo. As Práticas Integrativas estimulam os mecanismos naturais, previnem agravos, promovem saúde e bem estar, além de contribuir para inserção social, redução de danos medicamentosos, cuida da autoestima e da qualidade de vida. Enquanto tecnologia social, nossa alma não tem lar, e não basta atravessar para o outro lado da rua e ignorar isso. Ela é a essência de quem somos, e estar separados dela é a nossa ferida mais profunda.
A alma é a parte de nós capaz de aliviar a dor, transformando sofrimento em sabedoria. Dor é dor e não importa de onde venha, violência, abuso, mutilação, colapso nervoso, perdas ou diagnósticos, a questão não está na dor, mas em como lidamos com ela. O problema se insere, quando nos apegamos a ela, porque apego é inércia e para toda inércia, o movimento do corpo e o contato com a alma são antídotos. A medicina focaliza maneiras de cuidar e contatar a alma por meio do nosso corpo e tudo que o contém. Não a seu despeito, porém, através da própria matéria, que define nossa presença nesse plano de realidade. Ansiamos por movimento para nos conectarmos às nossas almas. A ciência pode ter explicações, a religião dogmas, contudo, na verdade, ainda não sabemos como ou porque, o universo começou a dançar. No princípio todos nós dançávamos arraigados nos ritmos da natureza, nossos professores e fonte de inspiração, refletem de volta, a natureza de quem somos.
Dançamos na roda, todos os ritmos da alma do nosso ecossistema interno, elos que formam a geometria sagrada, na roda do universo.
Estes ritmos são naturais e por vezes inconscientes, contudo a prática da medicina, vai trazendo para o corpo, a consciência desses fluxos e tudo pode ser movido. Em cada ritmo, seja do sentir, pensar ou agir, rastreamos a condição de bem, ou mal estar do nosso ecossistema, e uma vez que ele é o catalisador que mantém todas as coisas em movimento, sem ele o corpo cai num profundo estado de inércia. As emoções não se movem mais com fluidez, nem os pensamentos ou músculos. Nada flui em conjunto ou se move em harmonia. A medicina do movimento focaliza maneiras, pelas quais podemos recuperar o equilíbrio da saúde por meio da dança. Ao praticarmos a medicina, recuperamos a autoestima e fortalecemos o autocuidado, dançamos em harmonia com toda natureza, com as menores células e com as estrelas no firmamento, testemunhamos a existência e a majestade curativa, agindo em nossos bloqueios e adoecimentos físico, psíquico, espiritual.
Na prática que envolve a dança, a terapêutica, e o bem estar integral, buscamos reunir as três potências fundamentais da natureza humana: o coração, a mente e a alma. Estes três elementos devem estar integralmente unidos, todas as vezes que terminamos de dançar. Esta tecnologia é acolhedora e inclusiva, alegre e amorosa, forte e unida, no propósito das terapêuticas que a medicina do movimento podem promover, maneiras de cuidar do outro, no todo, integralmente. A prática que nos une para dançar em círculos ativados pelos incontáveis gestos, ritmos, intenções e emoções de culturas diferentes, favorecem acolhimento, aceitação e respeito mútuo, trabalhando nossa força social, equilíbrio, coordenação motora, memória, concentração, lateralidade, além de aumentar a capacidade aeróbica, produzir serotonina, auxilia em diversos tratamentos e processos de cura. Dancemos para Viver!
Parabéns Baby
Muitas vezes essas práticas são questionadas e até são colocadas junto aos charlatões, falsos terapeutas e e jogadores da doa alheia. Mais Fica aqui a dica. As práticas estão nos ajudando a cuida das dores internar e externas a milênios. Só temos que ter compaixão. Só podemos dizer o que sentimos, praticamos e assim experimentamos. Força. Fé e lucidez aos terapeutas dedicados a reduzir a dor alheia e assim do mundo. Conti sempre comigo. Sou suspeito para falar do texto. Mágica nas letras e cheiros no decorrer das frases. Parabéns. Inspirador sempre.