Penetrar para além de todos os detalhes da natureza corporal do nosso organismo, visionando o ser humano para além da matéria, é o propósito da medicina que enxerga o ser, composto por organizações vitais, materiais e espirituais desta biologia complexa, onde a anima (organização anímica), reordena os fenômenos vitais, e favorece o despertamento da consciência. Para além do cumprimento da medicina acadêmica, isto é, a partir das ciências naturais, investiga o conhecimento bio – fisiológico do ser, todavia, ampliando sua pesquisa na ciência espiritual ou Antroposofia, a ciência que busca pensar o ser como todo complexo que és, preenchendo o abismo que há entre a ciência e a fé. Este método sensível de pesquisa ampliado, foi desenvolvido na Europa por Rudolf Steiner, filósofo, artista e educador austríaco, no princípio do século XX. Atualmente, a medicina antroposófica é uma das 29 práticas integrativas complementares em saúde, vigentes no mundo moderno e reconhecidas no Brasil, pela Organização Mundial de Saúde desde 2006.
A Metodologia que a antroposofia utiliza na pesquisa dos seus recursos terapêuticos e no desenvolvimento destes recursos, está focada na escuta profunda da natureza que há em nós. A ideia de que as quatro naturezas humanas que nos compõem: a Natureza mineral ligada a nossa estrutura física, a Natureza vegetativa, ligada aos nossos processos fisiológicos, regenerativos, a Natureza animal ligada à nossa sensitividade e capacidade de nos movimentarmos, e a Natureza humana, que coordena tudo isso trazendo individuação para cada um nós, acaba sendo um convite de revitalização da medicina tecnicista, para uma medicina humanizada, porém cientificamente espiritual em sua visão ampliada do ser humano. A medicina é baseada em conhecimentos da fisiologia, que trata a causa preventivamente, cuidando do corpo físico, mas também do corpo emocional, e sobretudo, espiritual. Estuda os processos causais da doença, onde estão os desequilíbrios do organismo.
Fisiologia é a visão do organismo sob domínio do espírito
Quando pensamos na abrangência da antroposofia aplicada à saúde, e todos os seus recursos terapêuticos, podemos relacionar todos os recursos terapêuticos, com a visão de ser humano. Dentro da visão de ser humano, considera as fases de desenvolvimento do corpo, da psique, e o desenvolvimento do self, dentro da individualidade. Via Corpo, Sentidos e Consciência, respectivamente, mantêm relação de observação profunda entre o microcosmo e o macrocosmo. Uma visão ampliada, todavia, sintética e inovadora do estudo da natureza, observando diferentes áreas do conhecimento, olhando as partes do organismo, e integrando no todo, relacionando os elementos da natureza com o corpo e a fisiologia humana, e aplicando-os nas terapêuticas. O método baseia-se em quatro estruturas essenciais que compõem o ser humano. A citar: O Corpo Físico, todo mineral, matéria substancial existente nas diversas formas de vida, presentes em toda a natureza,o Corpo Vital, como fundamento da vida presente em todo organismo vivo, com características de crescimento, regeneração e reprodução, e o Corpo anímico que fundamenta a organização sensitiva, reordena os processos biológicos e tem ligação direta com o nosso sistema nervoso.
Multidisciplinar, a medicina antroposófica nos mostra o que não conseguimos identificar com a medicina acadêmica.
Digamos que a estrutura destes três corpos resulte na organização do eu, da auto consciência, interferindo diretamente na atuação e reorganização dos corpos. Agrupados de diferentes formas no organismo humano, compõem a estrutura tríplice funcional e anatômica dos sistemas neuro sensorial, rítmico, e o sistema metabólico e das extremidades. O primeiro concentrado na cabeça, mas existente por todo o corpo, está a serviço da nossa consciência, o segundo, centro funcional do coração e do pulmão, é regido por ritmos, mas se encontra também em outras funções biológicas, e o terceiro abarca todos os nossos processos metabólicos, sustento para o movimento e regeneração do organismo. A relação recíproca e dinâmica destes sistemas, mudam durante as diversas etapas da nossa vida, e está diretamente vinculada às mudanças psicológicas e espirituais do nosso desenvolvimento, enquanto ente humano. Qualquer transtorno nestas transformações, através do tempo, atingem o equilíbrio dos sistemas e suas relações recíprocas,
aí estão as causas primárias de toda doença.
A metodologia própria desta ciência espiritual, permite-nos a pesquisa dos três reinos da natureza, mineral, vegetal e animal, em busca das soluções medicamentosas dos reinos, para tais desequilíbrios. Contudo, para além dos medicamentos se utiliza de outras ferramentas terapêuticas como: Euritmia Curativa, Terapia Artística, Massagem Rítmica e Quirofonética. A primeira é baseada em determinados movimentos corporais, uma nova forma de dança que traz o autoconhecimento e do mundo, como apresentada na ciência espiritual de Rudolf Steiner(1912), o termo grego euritmia traz o equilíbrio das forças atuantes no corpo ou universo, é um conceito oculto das artes plásticas, no que tange o equilíbrio harmonioso e belo de toda obra. Harmonia na arte de construir. Steiner com a criação da nova arte de movimento antroposófica, dois mil e quinhentos anos depois da euritmia grega, empreende o conceito visionário, de que as forças atuantes nas formas plásticas e esculturais, são transformadas em movimento, um acontecimento plástico musical, onde as forças atuantes no corpo dançam a poética.
Simultaneamente com recitação ou música ao vivo a Euritmia dança, assim, o desenvolvimento dos sons de poesias e músicas, em toda sua complexidade.
A segunda, terapia artística, ministrada por diferentes artes, está fundamentada na visão médica antroposófica, esta que considera o ser humano, um ser espiritual constituído de corpo vivo, alma e espírito, tanto quanto, fundamenta-se no conhecimento teórico prático dos elementos das artes e suas leis regentes. Através de seus elementos, cor, forma, tamanho, volume, organização no espaço, nos possibilitando viver os arquétipos da criação, isto é, leis que são inerentes à nossa natureza interior, mas que no decorrer da vida, esquecemos, nos traz o contato com a essência sanadora que há em nós. Entusiasmados pela natureza, sua beleza, ritmo e harmonia podemos nos sentir regenerados e inteiros novamente. A Terapia Artística facilita a transformação, onde a paciente é agente do processo que lhe traz harmonia, dando formato onde há pouca estrutura, flexibilidade onde há rigidez, clareza onde há confusão, e fantasia para a mente cristalizada. Enfrentamos limites e dificuldades aprendendo a nos adaptar,
acolhendo nossas falhas e auto desenvolvemos nossa estima e confiança. Sem contra indicação e dirigida especificamente para cada determinada situação. Seu caminho terapêutico intenciona transformar cada dificuldade, em ferramentas terapêuticas que possibilitam o processo gradual da cura. A terceira ferramenta da medicina, a massagem rítmica, utiliza-se do toque suave, por vezes ventoso, intencionando trazer para a superfície o desequilíbrio, ao invés de pressionar, empurrando-o para dentro. Em consonância com os ritmos internos fisio – biológicos, como o fluxo dos líquidos, as batidas do coração, a própria respiração, o procedimento vai normalizando sua fisiologia.E por fim, a quirofonética, considerada como a arte da fala, reúne o toque, o movimento do toque e o som dos fonemas, como força plasmadora do atuar da sabedoria, o verbo há que tudo move. Está fundamentada no conceito de metamorfose, desenvolvido por Goethe, e na imagem proposta por Rudolf Steiner, sobre os sistemas de organização do ser: neurossensorial, rítmico-circulatório e metabólico-motor, relacionados ao pensar, sentir e querer e seus diferentes níveis de consciência.
Depois de se perceber, o indivíduo pode falar de forma consciente, desenvolvendo as qualidades artísticas da linguagem e expressando-se artisticamente.
A Antroposofia é então esse importante Portal de Instrução, de acesso para a escola interna e seu respectivo desenvolvimento espiritual, e a medicina antroposófica vem para impulsionar e fortalecer o conceito de que a função da medicina é propiciar a cura, isto é unir o corpo / forma, ao arquétipo / projeto original que lhes corresponde. A função das terapêuticas de qualquer espécie é portanto, a de prover condições favoráveis, para que a força de vida universal possa agir, e realizar o trabalho de cura, afirma Paul Brunton que, assim como os elementos da natureza fornecem materiais, para essa mesma força reparar os tecidos do corpo e regenerar as células, não como milagres da Natureza, mas como acontecimentos para os quais a ciência não possui a chave. A consciência humana, por exemplo, manifesta poderes que contradizem a psicologia, assim como o corpo manifesta fenômenos que contradizem o conhecimento médico. Neste abismo que a humanidade se encontra, antigas técnicas de cura, portanto, estão sendo redescobertas e ajustadas às novas conjunturas energéticas planetárias. A
Psicologia, a Medicina, a Astrologia, a Astronomia e outras ciências naturais deverão operar em uníssono, como única e mesma ciência, a da Arte de Curar. Este impulso foi dado por Steiner, sejamos perspicazes e gratos.