Quantas qualidades e variações tem a nossa voz?
Qual é o poder que tem a palavra?
Qual é a relação do corpo com a voz?
Em um corpo que percebe o mundo, o retém e digere para transformá-lo em sons que saem pela sua garganta, a voz ativa é como meio de comunicação da relação do indivíduo com o seu presente particular e com o presente coletivo e está em ativação do presente sonoro tornando-se um ação performativa.
“Mau pode ter a voz tranquila quem tem o coração tremendo” disse uma vez o poeta e dramaturgo madrilenho Félix Lope de Vega e Carpio (1562–1635).
A razão desta afirmação é clara: a emoção afeta os movimentos musculares do aparelho respiratório e a laringe e modifica o tom da voz do sujeito. Assim, observamos que, quando falamos, as palavras não são emitidas nuas, mas sim acompanhadas de nossas emoções.
Habitar a palavra é um convite a explorar nossa sonoridade. Nossa essência vocal é parte do nosso ser e é desde aí onde nos colocamos para nos posicionarmos no mundo. Palavra, corpo, pensamento. O Workshop promove a possibilidade de se imergir ao universo vocal e ao gesto através do jogo como principal motor que dá lugar a infinitas descobertas para poder se encontrar desde um lugar diferente do cotidiano, um lugar habitado desde a palavra com toda a nossa presença. Um contexto a partir do qual podemos experimentar com os acentos de sílabas e palavras, entonação, pausas, ritmos, nossa relação física- verbal e finalmente a intenção.
Convidada por Camila Contador Burotto, assisti ao Workshop com expectativas de trabalhar aspectos vocais e incorporar como ferramenta em meu caminho artístico e melhorar assim minha presença cênica. No entanto, a experiência mobilizou outros aspectos da minha cotidianidade no uso da palavra, que não tinha até então não levava em conta. Aos poucos comecei a perceber a importância de preencher cada som e dar corpo a minha voz, densidade, peso, ritmo, suavidade, leveza. Descobri que algo tão simples como trabalhar com a pronúncia do meu nome pode me levar a refletir sobre auto estima e como me apresento diante do resto, como me posiciono diante deste nome, que já diz sobre quem sou, minha história. Me permiti digerir e mastigar cada som, me escutar e desde aí ré aprender a lançar as palavras desde um lugar mais consciente, mais firme.
Se autoconhecer desde a palavra habitada, se deixar levar pela sonoridade de tudo aquilo que somos e que atraímos. Dar peso e tempo a cada som que pronuncio para desfrutar dessa ferramenta que é a nossa voz e o gozo da linguagem.
Para os que tiverem vontade de conhecer um pouco mais deste lindo trabalho, sintam-se convidados a entrarem em contato com Camila, vamos seguir plantando a semente da comunicação saudável em cada um de nós afinal a palavra que habita em você precisa ecoar com emoção para habitar na audição do seu próximo.