Com o tema “LITERATURA: RIOS E MATAS DA NARRATIVA”, a Fligê – Feira Literária de Mucugê na Chapada Diamantina será território de encontros de leitores, autores, pesquisadores e amantes da cultura. A oitava edição da Fligê acontecerá entre os dias 13 a 17 de agosto com uma programação gratuita e aberta ao público e contará com mesas literárias, oficinas, lançamentos de livros, saraus, espetáculos, atividades infanto-juvenis e intervenções artísticas. Entre as atrações da Fligêzinha, espaço dedicado ao território do fantástico mundo da criança, o espetáculo “O pássaro, o vento e a flor” do grupo Bando Passarim do Vale Do Capão será apresentado no dia 16 de agosto na tenda das infâncias.
“Ser Feliz, Poder Voar”
Vale do Capão é o berço de uma diversidade cultural incrível e uma fonte de inspiração, principalmente para quem trabalha com as artes e também para muitas pessoas que chegam de diferentes partes do Brasil e do mundo em busca de uma maior interação com a natureza. Seu Diva conhecido como o homem dos passarinhos, foi uma dessas pessoas inesquecíveis do Vale do Capão que confeccionava passarinhos em tecido, inspirado nas espécies encontradas na Chapada Diamantina. Seu trabalho se tornou referência para outros artistas, principalmente para Patrícia Ferraz, integrante do Bando Passarim que em 2007 escolheu o Vale do Capão como morada e afetuosamente evoca ele como “O homem dos passarinhos, O saudoso mestre e ancião que costurava com as mãos passarinhos de pano que via e ouvia em sua morada no vale”.
Artista de dança e oriunda de São Paulo, Patrícia começou a dar aulas de dança brasileira para a comunidade que logo atraíram musicistas e especialmente um grupo de mulheres que chegavam para dançar com música ao vivo e compartilhar cantigas e narrativas da cultura popular brasileira. Passado algum tempo Patrícia conheceu o Seu Diva e foi o universo poético deste mestre o que inspirou a criação da primeira produção do Bando Passarim como grupo. “O Passarinho no pé do ouvido” foi estreada no Circo do Capão em 2008. A intervenção artística reunia muitas mulheres em roda com música ao vivo pra dançar cantigas a tema de pássaros e “Foi uma homenagem a mestres e mestras de diversas manifestações culturais como a ciranda, o samba, o jongo, o forró, o coco e tantas encantarias que este Brasil profundo tem”. Com uma impronta nas infâncias e com o foco na pesquisa musical o bando logo montou outros espetáculos como “A visita do pássaro solar” (2016), “Passo Avoador” que reuniu um repertório autoral a tema de pássaros com música pra dançar, estreado no Festival Ressonar LockDown em 2021 e “São João e o passarinho” (2022) primeiro álbum audiovisual gravado em pandemia para o SESC Bahia.
Um voo que se mantém até hoje…
Atualmente o Bando Passarim está integrado por músicos e educadores do Vale do Capão que cantam e contam histórias do Brasil rural através de experiências musicais e pesquisas da música tradicional brasileira. O pássaro, o vento e a flor trás uma história criada por Patricia Ferraz com colaboração de Valentina Oses, educadora e sanfoneira, que também presenteia o bando com algumas das canções e seus passarinhos de lã que compõem o teatro de mesa. Durante a Fligê, Patricia apresenta-se acompanhada de Andrea Cathalá musicista nativa do Vale do Capão e parceira do Bando desde sua formação, e dos instrumentistas Laila Rosa e Martin Dalesson.




Neste ano a conexão com a Fligê foi através da produtora Ive Farias que apresentou o projeto e foi selecionado dentro da programação da Fligêzinha para o público infantil junto com outros artistas da Chapada Diamantina. Segundo Patrícia: “Esta história musicada trás canções e temas autorais inspirados nos repertórios da cultura popular, cantigas da infância rural, poesias. Conta sobre a coragem. Sobre a coragem de sair pro mundo. E sobre o encantamento da Primavera, do florescer. Na narrativa tem um pássaro voando no Brasil infinito. Ele pousou num jardim e encontrou uma bela flor, que lhe faz um pedido que lhe abre uma grande missão. Ele tem medo, mas voa porque ele sabe que um dia ela vai voltar. Com um repertório musical que traz canções e poesias de gestos ritmadas com samba, ijexá, xote e rastapé.”
Como a narrativa da Festa neste ano é “Rios e matas na narrativa” a história “O Pássaro, o vento e a flor” contextualiza a relação que os pássaros têm com as sementes, as espalhando pelo mundo, numa narrativa musical que versa as matas, a natureza, nossas relações com os animais. Tudo isso numa narrativa poética musicada. “Esperamos despertar movimento interior, principalmente nas crianças…ascender suas infâncias para a brincadeira, para o movimento, para nossas relações neste planeta”
“O pássaro, o vento e a flor” – História musicada com dança e poesia” e Patrícia Ferraz – narração, canto, dança e bonecos
Intérpretes:
Patrícia Ferraz: voz, percussões, dança e poesia de dedos
Martin Dalesson: Piano
Andrea Cathalá: voz, tambores e efeitos
Laila Rosa: violino
Sobre Patrícia Ferraz
Artista da dança, cantautora e criadora de histórias e mitopoéticas. Brincante e pesquisadora há 30 anos envolvida com as culturas populares tradicionais desde seu primeiro encontro com o mestre Tião Carvalho ainda quando vivia em São Paulo quando integrou o Grupo Cupuaçu – Centro de Pesquisas em Danças Populares Brasileiras como dançarina e produtora. Desde 1995 percorre festas populares pelo Brasil todo vivenciando a brincadeira e o fazer artístico em diversas comunidades quilombolas, indígenas, caiçaras, ribeirinhas com o olhar atento às narrativas míticas destas culturas, seus gestos, músicas e danças. Trabalhou intensamente no início dos anos 2000 com a organização de acervos de música tradicional, co-produzindo projetos de gravação e produção de álbuns musicais e documentários. Com destaque para a Direção de Produção do “Projeto Turista Aprendiz” com o grupo “A Barca” que percorreu 9 estados brasileiros para vivenciar a música com mais de 30 comunidades tradicionais, resultando no lançamento de vários CDs e documentários que visibilizaram muitas mestras e mestres deste Brasil infinito.









