domingo, 8 dezembro, 2024

Agência de viagens Bahia Trip leva cliente de 82 anos para o Vale do Pati

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Agência de viagens Bahia Trip leva cliente de 82 anos para o Vale do Pati

Quem pesquisa um pouco sobre destinos de aventura, sabe que o Vale do Pati é um dos trekkings mais bonitos e mais intensos do Brasil. São em média 10 km a 15 km de caminhada por dia, em trilhas carregadas de muitas subidas e descidas dentro do Vale. Quem topa caminhar por esta região deve estar ciente do grau elevado de dificuldade do trajeto, passível de muitas intempéries como as condições climáticas, travessia de rios, subidas íngremes e horas e mais horas de caminhada.

Muitas vezes já temos um imaginário bem definido de um praticante de caminhada de aventura: uma pessoa jovem ou de meia idade, com mochilão nas costas e muita disposição. Mas hoje nós temos uma história diferente para contar, a história de Francisca Yaeko Nishizawa, ou Dona Chica, para nós, íntimos de trilha.

Dona Chica esteve pela primeira vez na Chapada Diamantina em outubro de 2021. Na ocasião, enfrentou os 6 km da Cachoeira da Fumaça, no Vale do Capão, distrito do município de Palmeiras – e, tudo isso, com o braço imobilizado devido a uma torção no pulso “Quando a vi pela primeira vez já programei uma série de cuidados especiais. Imagine, uma senhora de 82 anos, com o braço quebrado, mas extremamente disposta a subir a Cachoeira de Fumaça! Porém, logo nos primeiros passos, me surpreendi com a sua força e agilidade”, conta Italo Pinto, da agência Bahia Trip, um dos seus guias nessa primeira viagem: Confira o vídeo da trilha de Dona Chica para Cachoeira da Fumaça.

Conheça a história de Dona Chica na Chapada Diamantina – YouTube

Quatro meses após seu primeiro roteiro na Chapada Diamantina, Dona Chica decidiu voltar, e agora para um desafio ainda maior: a trilha de quatro dias no Vale do Pati. A aventura teve início no dia 8 de fevereiro partindo do povoado Guiné, em Mucugê. Antes da subida, questionamos Gerônimo Silva, que é seu agente de viagens e já foi companhia em diversas viagens pelo Brasil sobre a possibilidade dela desistir no caminho: “Nunca, a Chica é uma guerreira, com certeza esse vai ser mais um desafio para conta”, garantiu.

Desde a subida do Beco, entrada para a trilha do Pati, acompanhamos cada passo de Dona Chica. O guia da Bahia Trip, Gil Novais, esteve lado a lado durante todo o percurso, ajudando nas travessias e nas pedras mais altas. Às 18h, após 6h de trilha, com pausas para lanche, hidratação e banho de rio, chegamos à casa de João, nossa hospedagem no Vale do Pati.

Alguns desafios especiais estavam propostos no roteiro da Bahia Trip, como 7 km de percurso total para o morro do Castelo, uma subida muito íngreme, que exige do trilheiro o apoio das mãos para subir as pedras; 5 km até a Cachoeira dos Funis; e 20 km de caminhada no nosso trajeto entre a casa de João, o Cachoeirão e a saída do Vale do Pati pela descida do Aleixo, no dia de retorno. Todos estes desafios foram completados – e com sucesso – por Dona Chica que, durante uma pausa para hidratação na subida para o Castelo, nos contou: “Tá difícil, mas vamos conseguir! Eu quero chegar no topo desta montanha.

Em 1939, ano de nascimento de Francisca, a segunda guerra estava a todo vapor. Ela diz não se recordar muito desse período, mas sua postura e determinação nos lembra muito a de uma combatente disposta a superar desafios e conquistar um território desconhecido – aqui, no entanto, sem interesses políticos ou econômicos, só pelo prazer da superação. Na casa de João, nosso ponto de apoio, conversamos por diversas vezes e, em todos os papos que tivemos, Dona Chica parecia muito tranquila e feliz. E, por muitas vezes, demonstrava não entender os olhares admirados de quem encontrava ela
ali. Dona Chica sempre com muita simplicidade mostrou todo seu esforço como algo corriqueiro, como se seu corpo fosse, pelo menos, 30 anos mais jovem. “Na vida a gente tem que vencer obstáculos. A mesma coisa é a Fumaça e o Pati. A agência diz que é difícil, mas só você vindo aqui para enfrentar, que você enfrenta e vence! Eu não acho nada dificultoso, você tem que enfrentar como a gente enfrenta a vida”.

Ter acompanhado esse desafio, para além de um ensinamento de vida, com
todos os valores positivos que uma trilha nos entrega, ter tido a oportunidade de
observar o grande potencial da terceira idade, torna possível ver como um guia e/ou uma agência de viagens faz toda a diferença na realização dos roteiros na Chapada Diamantina.

Texto escrito por Eric Almeida

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