A voz do Coletivo Artemísia 8M recolheu “as vozes mudas caladas, engasgadas nas gargantas” como bem fala Conceição Evaristo¹ e surgiu no dia 8 de Março de 2022 no Vale do Capão impulsionado por um grupo de mulheres que se reuniram para organizar um manifesto artístico para visibilizar a luta pelo Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.
¹Conceição Evaristo (In: Poemas de recordação e outros movimentos, 3.ed., p. 24-25)
O evento durou 12 horas no Coreto da Vila, espaço público onde todos os nativos, moradores e turistas têm livre acesso, e incluiu rodas de conversas sobre diferentes problemáticas que afetam as mulheres. Também se ofereceram terapias e aulas e a jornada finalizou com uma marcha de mulheres autoconvocadas com o objetivo de lembrar a luta da mulher no contexto atual. Portanto, daí nasce a necessidade de exigir um espaço onde as mulheres da comunidade possam-se encontrar e criar redes solidárias para desenvolver um aporte às mulheres que estão passando por situações de diferentes violências e vulnerabilidades.
Desde Maio, o grupo trabalha no Posto de Saúde USF, espaço que deu apoio rapidamente para as mulheres, o que significou uma conquista considerável por uma questão de segurança e acesso a toda a Comunidade.
Legalmente, o coletivo conta com a assessoria da Advogada Feminista Naiara Negreiros, especializada em Violência Domestica, Assessora do Coletivo TamoJuntas.org de Salvador, Bahia e esta formado por mulheres de diferentes nações, idades, etnias, profissões, vivencias, dores e amores, sendo construído por todas em um espaço público, seguro e acolhedor.
A proposta metodológica do grupo consiste em propor oficinas e rodas de conversa como canal de comunicação e expressão para trabalhar os diferentes interesses da vida cotidiana e outro formato de trabalho individual com atendimento de terapias diversas, com olhar integral e de fortalecimento da saúde.
Nesse contexto, O espaço coletivo propõe ciclos de quatro (4) encontros consecutivos com a mesma temática (ofício, arte ou terapia) a partir de diferentes oficinas, aprofundamento dos assuntos e se encerra com um 4° evento de Papo e Cultura, com apresentações de filmes/documentários que ilustram as temáticas trabalhadas, promovendo um debate e realizando em conjunto a produção de algum material físico representativo do tema trabalhado ao longo do mês.
As atividades serão coordenadas por diferentes profissionais voluntárias e participantes do grupo, com experiência em saúde da mulher. O projeto forma parte da agenda oficial do núcleo de atenção básica do SUS e funciona todas as segundas- feiras de 14h às 17h30. Os serviços individuais são de 14:15 à 15:00 e de 16:45 a 17:30, com agenda aberta para 2 (dois) participantes por semana com entrega do floral (Florais do sistema Saint Germain de maneira gratuita) incluso.
No mês de Junho, às atividades começam com um seminário teatral AS 4 FASES DO CICLO MENSTRUAL E O AUTOCONHECIMENTO. A proposta coordenada por Maga Magrini e Manuela Félix é conhecer e reconhecer a partir do teatro e da expressão corporal a nossa natureza cíclica representada através das mudanças que são vivenciadas em cada uma das fases do ciclo menstrual, mudanças que nos fazem viver e entender a vida como algo impermanente, como algo em movimento contínuo. Esses 4 Arquétipos serão trabalhados em relação ao ciclo menstrual com o objetivo principal de resignificá-lo, fazer as pazes com ele, vivê-lo com graça, prazer e crescer com os dons e possibilidades que ele nos oferece.
Pode participar deste Seminário qualquer mulher, independentemente de sua relação com o ciclo menstrual e todas as oficinas e atividades são de caráter gratuito todas as segundas- feiras de 15:00 às 16:30 no Posto de Saúde USF.