“Estreia de um velho poeta iniciante que tateia a folha em branco e divaga … Não prestai atenção ao que os poetas sonham acordados ! Suas noites são insones , seu pensamento não é exato . Como uma correnteza que desagua é inevitável ele devolve ao mundo suas Palavras , que rimam em seus versos ! Ele é grato por toda semente plantada ! Eu quero ser um humilde servo que se expressa na arte . Quero ser verdadeiro e sincero . E mais nada !“
Flávio Fucs
Aurélio me faz uma proposta intrigante . Primeiro , porque ele tem nome de Dicionário , que é conhecido como o Pai dos Burros . Não gosto desta definição , nem de longe … Já vi muito Doutor sem alguma sensibilidade , e iletrados que são nobres de Espírito . A inteligência não está no grau do colegiado , mas é virtude que se expressa naturalmente . É a habilidade com que a vida se sente ! A capacidade de criar coisas belas ! E transformar tudo ao redor ! Quando Aurélio me chama para conversar , eu titubeio . Não quero compromisso . Sou poeta … Livre ! Meu pensamento vagueia pelas paragens infinitas e não há nada que me impeça ! Porque o impeto está nesta grande possibilidade de viajar . Eu conto as Existencias que já vi ! São muitas ! E talvez hajam outras que sequer posso sondar … Aos poucos me lembro do futuro como um profeta obscuro , sem discípulos ! Mas me persegue a pergunta que sempre me acompanha : o que farei com o resto dos meus dias ? É Aurélio , eu lhe respondo com um telefonema fortuito numa tarde de Agosto : quero escrever ! Quero dizer ao mundo o que vim fazer ! E lançar a semente que me Pai me deu para colher ! Quero também que a Palavra proferida não se perca ! Que nossos filhos a ouçam no Silêncio das manhãs ! Mesmo que não saibam de quem as disse ! Maior que o homem é sua Obra ! Boas ações resistem ao tempo ! Eu mesmo já escrevi , mas não na letra morta ! Assim como Jesus Sócrates e Buda , mais que a glória , quero a renuncia ! A libertação que ainda está por vir ! Por isso Aurélio , eu aceito seu convite . Não sei se mereço a deferência … E também quero que me entenda : quando for a hora de partir , que assim seja !
Meu amigo poeta, obrigado por compartilhar sua sensibilidade. Harih Om!