sexta-feira, 26 julho, 2024

Modelo de pavimentação mista terá de superar obstáculos técnicos para ser implantado

Ladeiras íngremes, tráfego intenso e pesado são desafios à pavimentação

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Ladeiras íngremes, tráfego intenso e pesado são desafios à pavimentação

Modelo de pavimentação mista terá de superar obstáculos técnicos para ser implantado

Segundo o anuário do transporte da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), nada menos que 78,5% de toda a malha rodoviária do Brasil não é pavimentada. Portanto, o que torna o acesso ao Vale do Capão não é propriamente o piso, mas o paradoxo resultante de uma via de ladeiras íngremes que foi concebida para ser uma estrada rural e que hoje recebe tráfego intenso de visitantes e de veículos pesados que abastecem o povoado.

Qualquer que seja a solução apresentada para a pavimentação, terá de levar em conta essa complexidade. A decisão de que a pavimentação será mista, com trechos de asfalto e outros com calçamento de pedra, só aumenta o desafio. Foi a maneira encontrada pela Prefeitura de Palmeiras e pela Associação de Comerciantes (Acomtuv) para arrefecer os ânimos entre os que se colocavam radicalmente de um lado ou de outra da questão. O projeto original da Acomtuv previa que o asfalto seria utilizado no trecho plano da estrada, que vai de Palmeiras até o Rio Grande. No trecho de serra, começaria a ser usado o paralelepípedo, com o objetivo de conter a velocidade dos veículos e preservar o caráter turístico da região. O plano terá de superar alguns obstáculos técnicos para ser implantado.

“O Capão tem um solo sílico e argiloso, que trabalha muito. Se não houver um embasamento bem feito, e uma cura apropriada, as pedras colocadas em trechos de ladeira se desprendem com o tempo”, explica o engenheiro Samuel Azevedo. Samuel integra a comissão de moradores do Vale que irá acompanhar o prefeito de Palmeiras, Ricardo Guimarães, no encontro com técnicos da Secretaria Estadual de Infraestrutura, em Salvador, para discutir o projeto.

Para ele, o trabalho de calçamento vem sendo executado na Ladeira dos Campos é um exemplo que não deve ser seguido nos outros trechos da Estrada do Capão. “Além do paralelepípedo utilizado ser de baixa profundidade, estão liberando a pista com apenas dois dias, quando a gente sabe que para atingir 50% da resistência máxima o cimento precisa de sete dias de descanso”, observa.

Apesar das dificuldades, o engenheiro também aponta vantagens do calçamento em relação ao asfalto. O primeiro é o custo de realização da obra, que cai pela metade: enquanto o valor médio do quilômetro de asfalto é avaliado em até R$ 1,5 milhão, o do paralelepípedo chega no máximo a R$ 800 mil. “Outra vantagem é a manutenção. Pra consertar um buraco numa pista calçada basta um pedreiro, pedra e cimento.”

Assim que anunciou a pretensão do govenador Rui Costa (PT) em apoiar o projeto de pavimentação asfáltica da Estrada do Capão, a Prefeitura de Palmeiras recebeu uma onda de apoio e outra de críticas, principalmente relacionadas ao impacto ambiental da medida. Uma das alternativa propostas foi a construção de uma estrada-parque, que em linhas gerais seria um tipo de pavimentação mais harmônica com o ambiente, que levasse em conta inclusive a construção de passagens subterrâneas e estruturas de madeira elevadas para a circulação de animais silvestres.

Estrada Parque Ilhéus-Itacaré

“O conceito estrada-parque foi criado nos Estados Unidos para rodovias que dão acesso a locais de contemplação da natureza no entorno de parques nacionais e não apresentam foco econômico para região, como é o caso da Blue Ridge Parkway. No Brasil, esse conceito não tem definição padronizada, podendo apresentar variações desde estradas de terra rurais até rodovias pavimentadas, mas o termo é utilizado principalmente de forma estratégica para desviar a resistência no licenciamento ambiental”, critica a bióloga Ingridi Camboim Franceschi, da UFRS.

Estrada Parque Pantanal, em Mato Grosso do Sul

No Brasil existem 24 estadas-parque. A maioria delas construída em asfalto, a exemplo da única existente na Bahia, na BA-001, entre os municípios de Ilhéus e Itacaré. Com extensão de 65km, percorre três unidades de conservação e possui ciclovia. No extremo oposto está a Estrada Parque Pantanal (MS), com 116km de extensão de estrada de terra que passam por 74 pontes de madeira.

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Vantagens do asfalto
Mais conforto e fluidez para o calçamento de rua;
Melhor circulação de carros, ônibus e caminhões.

Desvantagens do asfalto
Aquece mais que o paralelepípedo, elevando a temperatura ao seu redor;
Implantação e manutenção mais cara.

Vantagens do calçamento
Proporciona um visual clássico ao local;
Muito presente em locais de preservação histórica;
Reduz a velocidade média;
Facilidade de manutenção.

Desvantagens do calçamento
Proporciona menor conforto;
Pode deteriorar mais rapidamente pneus e outros itens de automóveis.

Aurelio Nunes
Aurelio Nunes
Jornalista de profissão, palmeirense de coração, morador do Vale do Capão
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