sexta-feira, 6 dezembro, 2024

Usuários questionam resultado das quatro grandes obras realizadas com recursos públicos no período entre 2016 e 2020

Estrada do Capão consumiu R$ 3 milhões em cinco anos

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Estrada do Capão consumiu R$ 3 milhões em cinco anos

Usuários questionam resultado das quatro grandes obras realizadas com recursos públicos no período entre 2016 e 2020

Oficialmente, a Estrada do Capão é tratada pelo Governo do Estado da Bahia como se fosse um prolongamento da rodovia BA-849, que liga Palmeiras ao entroncamento da BR-242. Na prática, no entanto, é preciso atravessar a sede do município por ruas de paralelepípedo. E depois disso, ter espírito de aventura para encarar uma viagem com muita poeira ou lama, a depender das condições meteorológicas, e o trepidar constante do veículo nas costelas de vaca e buracos ao longo de mais 20km de estrada de cascalho que levam entre meia hora e 45 minutos para serem percorridos, a depender da disposição do condutor e das condições do veículo.

Antes mesmo de dada a largada no projeto de pavimentação completa, este caminho que é considerado um suplício para muitos e uma benção aos olhos de outros tantos já consumiu três milhões de reais. Esta foi a cifra investida pelos poderes públicos em apenas quatro obras realizadas na via no período de cinco anos – entre 2016 a 2020. Todas com resultados práticos muito contestados. A começar pela última, e mais onerosa, iniciada no segundo semestre do ano passado, que previa a recuperação dos 21km da estrada, incluindo 1,2km de calçamento da Ladeira dos Campos. Do trabalho de recuperação da pista, o único legado visível foi o gigantesco “estacionamento” aberto na Ladeira entre os povoados do Rio Grande e da Conceição dos Gatos, de onde as máquinas tiraram o cascalho usado para nivelar a pista – e que foi embora nas chuvas do final do ano passado.

Do calçamento da Ladeira dos Campos resta um trecho de 500m incompleto. A previsão da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra) é que a obra seja concluída até o final do mês. O trecho é considerado fundamental para a infraestrutura-turística local, porque liga a Vila ao acesso de um dos pontos turísticos mais visitados de toda a Chapada Diamantina: a Cachoeira da Fumaça.

“Essa estrada não era pra estar do jeito que está. Aliás, começou a fazer, disse que terminou uma parte e antes mesmo de dizer que terminou já não existia mais nada”, criticou o vereador Giba (PT). “Tenho dois carros: um está quebrado em Palmeiras, o outro consertando no Capão”, reclamou.

O prefeito Ricardo Guimarães (PSD) atribui o resultado à estratégia usada pela empresa contratada, Emprenge, para vencer a licitação. “A construtora fez uma proposta de um milhão de reais abaixo do previsto”, lamenta. O edital previa R$ 2,7 milhões em recursos para a obra, que foi arrematada por R$ 1,6 milhão.

A antiga Ponte da Ceroula foi substituída por outra de concreto

CEROULA – A segunda obra mais cara foi realizada em 2019, também pelo Governo do Estado. A substituição da velha ponte de madeira por uma de concreto no povoado de Rio Grande custou pouco mais de R$ 1 milhão. Mais conhecida como Ponte da Ceroula, o equipamento anterior só permitia a passagem de um veículo por vez e já apresentava sinais de obsolescência frente ao fluxo cada vez mais intenso e de veículos cada vez mais pesados. A solução encontrada resolveu o problema do ponto de vista prático, mas deixou a desejar do ponto de vista estético.

“Antes havia uma linda ponte de madeira, da qual podíamos ver o rio ao atravessarmos, porém ela estava seriamente comprometida e precisava ser refeita. Em seu lugar foi feita uma ponte horrorosa, sem nenhuma visibilidade da paisagem e com cara de que nunca foi acabada. Ao seu lado uma placa indicando que sua construção custou pouco mais de 1 milhão de reais. Informação que ninguém entende muito vendo o resultado da obra”, criticou a gestora social Melissa Zon Zon em sua coluna Prosa Mel e Limão, /no Portal Vale do Capão.

Das duas obras restantes realizadas na via, também não se sente nem o cheiro: em 2017 foram gastos 250 mil pelo Consórcio Chapada Forte na recuperação de sete ladeiras e em 2016 foram investidos R$ 132 mil com recursos da Prefeitura de Palmeiras em uma operação de compactação e impermeabilização do solo da Ladeira dos Campos que prometia suportar o peso de até 40 toneladas por eixo. O que era pra durar cinco anos durou cinco meses e a pista “esfarelou” depois do feriado do revèillon.

Obra realizada na Ladeira dos Campos em 2016

2016
Obra:
Compactação, nivelamento e impermeabilização da pista da Ladeira dos Campos
Empresa: Tradezyne
Custo: R$ 132 mil
Contratante: Prefeitura de Palmeiras

2017
Obra: Requalificação de sete ladeiras entre o Rio Grande e o Capão
Valor: 250 mil
Contratante: Consórcio Chapada Forte

2018
Obra: Pavimentação de 7,7km da BA-849, entre o entroncamento da BR-242 e Palmeiras
Valor: R$ 3 milhões
Contratante: Governo do Estado da Bahia

2019
Obra: Reconstrução da Ponte do Rio Grande – 40m de extensão
Empresa: Emprenge Construtora Ltda.
Contratante: Governo do Estado da Bahia
Valor: R$ 1.037.146,59.

2020
Obra: Recuperação dos 21 km da BA-849, que liga Palmeiras – Caeté – Açu (Capão), incluindo 1,3km de Calçamento da Ladeira dos Campos
Empresa: Queiroz Pimentel Serviços Ltda
Contratante: Governo do Estado da Bahia
Valor: R$ 1.623.023,48

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Ladeiras íngremes e trâfego intenso são desafios à pavimentação

Aurelio Nunes
Aurelio Nunes
Jornalista de profissão, palmeirense de coração, morador do Vale do Capão
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1 COMENTÁRIO

  1. Excelente artigo. Parabéns Aurélio!! Já viajei por muitos lugares lindos pelo mundo, que receberam forte intervenção humana, mas nunca vi nada de tão mau gosto e descompassado com a natureza local quanto esta ponte de concreto do Rio Grande!! Destruiram um dos pontos mais cênicos e delicados da estrada para o Capão. Lamentável!! Sei que nossos governantes tem condições e inteligência para reparar este erro. Tomara que alguém sensível o faça.

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