sábado, 27 julho, 2024

Com medo do povo, Prefeitura e empresários fogem de reunião na Câmara

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Com medo do povo, Prefeitura e empresários fogem de reunião na Câmara

A servidora pública Elisângela Sousa, representante do povoado de Cruz, acordou cedo, tomou o carro para Palmeiras na expectativa da tão esperada reunião para esclarecer as denúncias sobre as reformas das escolas da rede municipal de Palmeiras.

Da mesma forma, o fotógrafo Rafael Lage, que faz parte do Conselho de Mães e Pais de alunos da escola de Caeté-Açu, deslocou-se do Vale do Capão até a sede do município com intuito de filmar o encontro.  

O que Elisângela e Rafael não sabiam é que eles não eram bem vindos à Câmara Municipal de Palmeiras. A presença deles na chamada Casa do Povo – juntamente com outras lideranças comunitárias da sede e dos povoados do Tejuco, Cruz, Lagoa dos Patos – afugentou os representantes da LK Engenharia e da Prefeitura de Palmeiras.

Pela segunda vez, empresários e políticos se negaram a explicar ao povo as irregularidades nas obras orçadas em R$ 2,6 milhões e que estão sendo pagas com os recursos públicos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Os depoimentos já haviam sido adiados na data da primeira convocação, no dia 28 de março.

Segundo Saulo Queiroz, procurador do município, “diante do cenário posto da reunião, os representantes da empresa LK Engenharia e da Prefeitura se sentiram desconfortáveis com a presença da câmera e do público e resolveram se retirar”. Acompanhados pelo vereador da situação, Thiago Rola (PSD), eles propuseram um encontro a portas fechadas com os vereadores presentes, mas os oposicionistas Kléber (PP) e Giba (PT) não aceitaram. 

Rafael Lage relatou que quando chegou estavam no interior da Câmara os vereadores, os advogados da LK e o procurador do município. “Entrei, dei bom dia, e comecei a montar o tripé da minha câmera. Quando terminei percebi que todos tinham saído. Saí também e do lado de fora o procurador me pediu pra não filmar porque os ânimos estavam exaltados e a câmera podia deixar o ambiente mais agressivo”, contou. Rafael respondeu que achava estranho o procurador do município fazer um pedido pra deixar uma reunião pública menos transparente. Ademais, havia sido autorizado pelo vereador Kléber a realizar a filmagem, até porque o equipamento oficial de gravação da Câmara de Vereadores está quebrado. Diante do impasse, concordou em desligar o equipamento. “Mesmo depois de eu avisar que guardaria minha câmera, eles mandaram avisar que não ia ter mais reunião nenhuma”, lamentou.

Ednaldo Ferreira de Souza, mais conhecido pelo apelido de índio Gladiador, é pai de uma aluna do Colégio Manoel Afonso e registrou em vídeo, no meio da rua, a fuga da secretária de Educação, Albani Sales. Apesar de se dizer que “a gente tá aqui à disposição”, Sales não foi vista em nenhum momento na Câmara. Apontada por Índio como a responsável por cancelar a reunião, ela não respondeu “por que foram gastos R$ 460 mil só pra consertar uma escola” e encerrou a conversa refugiando-se no cartório.

MAQUIAGEM – Mães, pais, alunos, professores e funcionários das escolas da rede municipal questionam a forma como a Prefeitura de Palmeiras e a LK Engenharia vem aplicando os recursos do Fundeb recolhidos dos impostos pagos por cidadãos como Ednaldo, Elisângela, Rafael e outros contribuintes de Palmeiras, da Bahia e do Brasil.

As obras atrasaram em pelo menos um mês o início do ano letivo e ainda não foram concluídas em nenhuma das 12 unidades, obrigando os alunos a conviver com uma rotina de barulho e entulho durante as aulas. A comunidade escolar reclama ainda que não foi ouvida no planejamento das obras, que são realizadas de forma genérica, sem atender às necessidades específicas de cada escola. E que mesmo o que já foi realizado não condiz com aquilo que as planilhas orçamentárias. Virou expressão corrente no município a definição de que se trata não de uma reforma, mas de uma “maquiagem”.

Ao longo dos últimos quatro meses, o Portal Vale do Capão vem realizando uma série de reportagens que apontam para graves irregularidades nas obras. Em 31 de março, revelamos que a Prefeitura desembolsou R$ 198 mil em dezembro para obras que sequer haviam sido iniciadas, para uma empresa de nome LK Engenharia que ninguém no município conhece, inclusive os próprio funcionários das obras, que trabalham de maneira ilegal, sem registro em carteira.

Em 28 de fevereiro, revelamos que parte dos trabalhos que deveriam ser de responsabilidade da LK vem sendo feitos por empresas que mantêm outros contratos com a Prefeitura, como a Transloc, que tem um contrato de R$ 2 milhões para varrição e limpeza.

O Portal mostrou também que nenhum desses fatos viria ao conhecimento público não fossem as mobilizações populares realizadas tanto no Capão quanto em Palmeiras para protestar contra o descaso da administração pública com os recursos e o patrimônio público.

O cancelamento da reunião desta sexta praticamente sepulta as esperanças da população em tentar entender e resolver internamente essas questões. Ao abrir mão de dialogar diretamente com o povo, a Prefeitura de Palmeiras dobrou a aposta e agora passará a responder por suas ações ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas dos Municípios.;

Reportagem de Eric Almeida, sob a supervisão do editor Aurelio Nunes

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