¹“Sempre imaginei o paraíso como um tipo de biblioteca”.
J.L. Borges
Qual é a construção no imaginário coletivo de uma Biblioteca?
O que é o que procuramos numa biblioteca?
Qual é a função de uma biblioteca comunitária?
Desde crianças crescemos com uma ideia romântica da Biblioteca como uma instituição que é visitada por intelectuais e curiosos motivados pelo desejo da leitura. Naturalmente, o que entendemos de estes espaços e que são atendidos por funcionários e que como usuários/leitores temos que seguir um regulamento para o convívio com os outros: fazer silêncio e não comer ou beber dentro do local. As pessoas que chegam a uma biblioteca costumam fazê-lo para estudar, pesquisar, consultar informação ou documentos, ou simplesmente se entregar ao ato prazeroso da leitura. A primeira biblioteca que conhecemos muitas vezes é a biblioteca escolar, tem estudantes que ocupam as bibliotecas universitárias, quem passou alguma vez pela biblioteca pública na cidade ou quem visitou alguma que outra vez uma biblioteca especializada.
Mas também existem as bibliotecas comunitárias que se apresentam como uma nova tipologia de bibliotecas. Porém, embora sejam espaços públicos de informação, são sustentadas por pessoas da sociedade em geral. Elas se instituem como locais que buscam ser espaços de leitura, cultura e acesso à informação de sujeitos que, na maioria das vezes, não dispõem de outros espaços destinados a essas atividades. Há 24 anos a Biblioteca Comunitária de Vale do Capão funciona como um ponto de cultura onde acontecem diferentes oficinas e expressões artísticas como encontros literários, apresentações de livros, sarau poético, música ao vivo, performances, entre outras atividades. Além de prestar o serviço da consulta e empréstimo de livros, a biblioteca também funciona como espaço áulico para os alunos e alunas da escola Rufino. Gerenciada por voluntários, preserva sua natureza de uso público e comunitário em sua essência e pode ser assim considerada uma “instituição de memória e de interação de práticas de aprendizagens e de mudanças sociais”.
¹Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo (Buenos Aires, 24 de agosto de 1899 — Ginebra, 14 de junho de 1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino, referente da literatura universal.
Início:
A Biblioteca Comunitária do Capão pode ser conceituada como um espaço de intercâmbio e de produção de memória social pelas trocas e registros de conhecimentos locais gerados todos estes anos de continuidade. Localizada na frente da escola Brilho do Cristal no bairro dos Brancos, a biblioteca foi fundada por moradores em 2003 e em 2018 teve uma reforma de requalificação realizada pela Associação Sociocultural e Ambiental Colmeia que junto ao Coletivo Cine Caeté reativaram o cineclube e organizaram sessões entre 2018 e 2019.
Projeto Ocupa Biblioteca
Desde 2022 a Biblioteca promove a ocupação do espaço através do Projeto Ocupa Biblioteca que oferece atividades artísticas e culturais como oficinas, sarau poético, rodas de leitura, rodas de prosa, espetáculos infanto-juvenis e exibição de filmes. O projeto foi contemplado nos editais da Lei Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura, via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A programação inclui atividades criativas e lúdicas gratuitas para todas as idades e tem foco na sensibilização e mediação do público para o incentivo à leitura e à escrita, estimular a memória e valorização da oralidade.
A primeira edição no 2022 teve como facilitadores das oficinas a Edson Migracielo (escritor e mestre em letras pela Universidade Federal de Rio Grande do Sul), Victor Verardo (artes gráficas), Fábio Vidal (ator-performer, autor, diretor,professor e productor. Mestre e bacharel pela UFBA), Katia Borges (educadora infantil na Escola Municipal de Igatu), Ioao Brandão (poeta, ator e compositor) e Iaiá Pereira (professora na rede municipal, graduada em Letras e especialista em Arte Educação pela Universidade Federal da Bahia).
Este ano , Ocupa biblioteca 2- escritas e oralidades será realizada no período de 1 a 17 de agosto com inscrições abertas para as oficinas até o dia 31 de julho via online no perfil da Biblioteca no Instagram (@bibliotecacapao) e presencial na Biblioteca comunitária nos dias 29, 30 e 31 de julho, das 15 as 18h. Acesse a matéria que contem a programação completa:
O projeto #OcupaBiblioteca #2 :: Escritas e Oralidades pode ser acompanhado pelo perfil @bibliotecacapao no Instagram. Este projeto é uma produção da Araçá Cultura e Meio Ambiente e um convite para toda a comunidade entendendo que a “Literatura é um direito”, pensamento de Antônio Candido de Mello Souza, professor, sociólogo e crítico da literatura, e referência no Brasil. Para ²Antônio Candido, a literatura erudita não pode ser monopólio de classes dominantes e também não pode ser distribuída de forma estratificante e alienante. Inegável que há um direito à literatura, na medida em que se aceita que contamos, vivemos, sonhamos e imaginamos histórias. Por isso, a literatura é um instrumento poderoso de instrução e de educação.
²Antônio Cândido de Mello e Souza (Rio de Janeiro, 24 de julho de 1918 – São Paulo, 12 de maio de 2017)
