sábado, 27 julho, 2024

Chuva!

Chuva!

A chuva cai lerda, nada de vento, vertical.

Logo, horizontal, o rio vai transbordar e como grávido irá sair dos limites, quiçá passando por cima das pontes que é uma das alegrias de assistir aqui no Vale do Capão.

A água nos ensina a fluidez neste mundo humanos no qual decidimos e queremos, fazemos e acreditamos que nossa mente sabe tudo, que sabemos tudo, que podemos intervir em tudo na medida em que somos inteligentes.

Enquanto isso, a chuva cai… Seguimos como se nada houvesse a aprender dos demais seres. No máximo podemos tê-los como objetos de estudo ou… de nosso amor!

Às vezes paro nas coisas dos dias e olho para mim e se faço isso com cuidado (e não se pode dizer que seja sempre cuidadoso) noto que olhar para mim é olhar para os demais – que nunca é demais – porque, por alguma arte que não sei direito o que é, somos parte de algo que é parte de nós.

O rio enche espalhando sua horizontalidade para além das margens, nós devemos ir para além das margens. Olhar a chuva, senti-la no rosto e abrir-se para ampliar o horizonte.

Parece que estou divagando demais!

Mas o fato é que, cuidando para se afastar das fantasias, o fato é que todos nós, os seres humanos, somos convidados a olhar as outras coisas como algo mais do que algo lá. Não há como continuarmos acreditando que um vírus é um azar, ou uma maldade chinesa, ou invenção da mídia… Crer que a queda que sofri é apenas azar, ou cansaço, ou um complô para me prejudicar. Acredite, todas as coisas estão inapelavelmente imbricadas e nada é apenas um coisa do tipo azar, ou o que quer imaginemos ou constatemos.

“Apenas” – a palavra não foi posta a toa. É sim algumas coisa, mas também é mais, já que nosso ser inteiro é a água que primeiro encharca a terra pra depois encher o rio. Estamos encharcados de existência, a água existência nos embebe, a água que é vida nos ensopa, empapa. Como os micélios (algo que lembra raízes, mas que é o maior e mais rápido meio de comunicação entre as plantas, não apenas entre os cogumelos), a vida se distribui em todos os lugares sem que necessariamente percebamos.

A comparação com os micélios é bem legal, pois que, eles são como um sistema nervoso unindo toda a vida.

Toda a vida, toda a existência são o fluxo e nós somos o fluxo – repito, sem fantasia – carecemos de reconhecer isso.

Tomara eu consiga, consigamos!

Foi isso que a chuva me trouxe.

Beijos no coração de todos

Áureo Augusto
Áureo Augusto
(Foto de Mariane Riani) AUREO AUGUSTO Caribé de Azevedo, soteropolitano, nascido em jan/1953, é médico, artista plástico e escritor. Escreve e dá cursos e palestras sobre medicina, história, filosofia, autoconhecimento, política, crônicas, contos e poemas. Reside e trabalha no Vale do Capão, Palmeiras-Ba, onde atua em clínica particular. Na Unidade de Saúde da Família local viveu a que considera sua mais bela experiência profissional, em um trabalho com atividades educativas, psicossomática, terapêuticas naturais, com foco na saúde e na felicidade. • Título de cidadão benemérito de Palmeiras concedido pela Câmara de Vereadores (Resolução n° 41 de 26/9/97). • Homenageado como Pioneiro nas Práticas Integrativas e Complementares no I Encontro Nordestino de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (UNIVASF, UFBa, UNEB, UFRN, UPE, UFPE, UFPB, UFCe, FA-SA), Juazeiro-Ba, 2 de junho de 2013. • Comendador da Ordem do Mérito Médico do Brasil, concedido pelo Ministério da Saúde (2017).
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