Oxalá nunca tenha motivo pra sair do Vale do Capão no São João.
Quando eu era menino, essa era a festa… nunca foi uma festa! Nem o Natal era igual, nem o aniversário me interessava tanto quanto esperar meu tio Enoque trazer os fogos de artifício de presente (meus pais, até onde me lembro não compravam). Era uma maravilha, botar bombas debaixo das latas e vê-las subindo e a molecada toda gritando de alegria e admiração com a altura dessa vez.
Fogueira, milho, bolo mole de aipim, amendoim; nunca gostei de canjica nem de pamonha que só conheci em criança a pamonha doce, pois a salgada conheci no Chile (umita) e tive a agradável surpresa de estando na feira de Palmeiras, encontrei a pamonha salgada que comi imediatamente.
Falando em Palmeiras, desta cidade não é só o Capão que vive feliz os festejos juninos. Todos os povoados estão presentes e, também a sede, onde a festança é famosa e a hospitalidade, que é característica da cidade, é mais forte do que em qualquer outro dia.
Aqui, sempre amei a fogueira de ramo e sempre mergulhei nela, quando o ramo caía, e pela alegria de participar, já sofri várias escoriações e entorses. Uma pena que depois que botaram luz elétrica muita gente deixou de fazer por causa do medo de atingir a fiação; hoje temos uma enorme e linda fogueira de ramo no meio da praça, uma única. Concordo, óbvio, com a decisão, mas a redução do número de fogueiras de ramo fez concentrar uma tropa de gente naquela do meio da praça. Vai daí que na última vez tinha tanta gente empilhada em cima do ramo que tive de tomar impulso pra pular em cima de todo mundo e a muito custo, como se estivesse mergulhando, consegui chegar no chão e pegar… uma laranja! Nada mau.
O que mais me admira na festa é ver tanta gente bêbada e relativamente pouco acidente e pouca briga. Muitas vezes dei plantão nesse dia e era pouco trabalho, que bom! Sempre tinha alguém queimado ou um bêbado desesperado, alguém que caía da moto e se cortava… Mas considerando-se a farra era bem razoável.
Aliás, essa coisa de moto e cachaça é de preocupar. Algumas pessoas acostumadas a encher a cara e depois montar no cavalo resolveram trocar cavalo por moto, mas a máquina não consegue se mexer bem sem um condutor com um mínimo de sobriedade. Aí esperam chegar em casa e estatelam a cara no poste, na cerca, no barranco.
Oxalá tenhamos um São João como todos. Rico, feliz, alegre, forró pra todo lado e nada de dor!